Não me refiro ao ostracismo sempre inevitável em quem é desalinhado, mas sobretudo às ordens directas de assassinato moral, muitas vezes confessadas pelos próprios executantes, entrando pelos mais ascorosos e simplórios ataques pessoais.
A juntar a outras reminiscências, os meus dias após a saída da Comissão Política de Secção do PSD têm sido sombrios. Apesar disso, não pretendo falar em momento algum com improvisação inflamada sobre a genealogia das razões da minha saída de Vogal, nem mesmo com um sistemático rendilhado de conceitos avulsamente retirados do meu escrito de renúncia. Cada um que diga o que bem entender! Se eu mesma tenho como lógica: dizer o que penso, dizer o que quero, como e quando quero. Julgo que talvez seja mais entranhadamente útil respeitar o mistério e a interpretação política dos sinais do tempo ,do que ser o Jeremias ou o Pangloss de uma CPS que, ficou numa situação longe da idade do ouro quanto do inferno, e que por isso mesmo, deve molhar a sopa e em ultima instância trabalhar.
E porque há coisas que ainda não foram feitas, e deviam tê-lo sido, pergunto. Onde está o Provedor da Juventude? Onde está o site da Secção do Partido? Onde está o Guia de Militante social-democrata? Presumo que estão todos em sitio nenhum. Apenas o convívio social-democrata acontecerá, porque as Caldas já existem como estrutura instalada e enraizada de cumplicidades e procedimentos. Já dizia Pessoa: “em um pano de fundo de nada, qualquer coisa se destaca”, e quem ficou não foi capaz de fazer o que tencionei que a CPS fizesse, pelo que espero no futuro, que a minha quota indutora de actividades partidárias seja apesar de tudo cumprida.
Porque meus senhores! Há que convir, que “sanear” e “odiar” são actos siameses entre as pessoas, mas agilidade e credibilidade são actos consanguíneos, em quem põe pés num partido político. É verdade que o leite fresco demora em coalhar, e quando os mestres sustentam os maus discípulos, provavelmente ambos cairão, se for mantida a ausência de sinais mobilizadores e de paradigma político.
Por isso, considero que só mudando o ambiente de inanição é que as moscas deixarão de infectar uma CPS com um poder fáctico e um centro de gravitação que está longe do maior número de pessoas de craveira e valor, com capacidade intelectual, honestos, moralmente válidos e eticamente irrepreensíveis. Por esta razão não será inteligente, nem prudente, nem responsável colocar o PSD na rentrée política, apenas na órbita de um processo interno de “homologação” do candidato à câmara.
Já todos percebemos, que existe um candidato que se sujeita a ser publicamente preterido pelo partido, e um segundo, que se fez convidado pelo calculismo e dissimulação. Mas mais do que sabermos se, existirá à mercê dos eleitores um candidato levado pela mão da líder – que já é presidente da câmara, importa-nos ter a certeza de que há PSD, dentro da concelhia, assente num redobrado esforço de conceptualização e de imaginação política, apostado na criação de um paradigma de rumo no concelho, com um profundo cunho de realidade, interacção, e espectro de competência.
O PSD enquanto instância política e de poder sufragado e eleito, conseguiu produzir na última década o universo simbólico e o cerimonial necessário para se impor e legitimar. O partido sacralizou no seu primeiro eleito autárquico – o presidente de Câmara – a pessoalização do seu reduto político: de tipo rural, amplo nos contactos directos e pessoais com os munícipes. Mas esta política paroquial, esgotou-se nos efeitos que produziu: o poste de iluminação, o lavadouro público, a pavimentação do caminho, a construção do muro de suporte, (também) para preenchimento da paginação do boletim municipal. Não que estas sejam obras desnecessárias ou redutoras.
Mas dificilmente serão modeladoras do desafio que cumpre aceitar com a responsabilidade de agendar o futuro, apresentando já hoje, uma dinâmica de soluções autárquicas eficientes, diferenciadas e congruentes. A Secção do PSD está obrigada no conclave pré-autárquico das Caldas de S. Paulo, a mostrar aquilo porque se baterá internamente como candidatura dentro do partido, sem arrivismos ou quotas de militantes. Há por lá muito quem seja robusto, falador, desbocado e zaragateiro, mas pouco dado a raciocínios… Mas têm de dar aos Oliveirenses a devida consideração e conjugar factores de diferenciação politica dentro do mesmo partido.
Se as pessoas são outras, no mesmo partido, continuaremos a ter um PSD com um discurso político local sobre a cultura, assente quase exclusivamente no financiamento camarário, como generalização do acesso gratuito a equipamentos e eventos culturais, onde a hiper valorização do associativismo local subsidio-dependente, é protagonista dos processos de criação e recepção artísticas, assumindo a cultura definição de uma oportunidade maior para a legitimação social e projecção supra-local do executivo camarário?
Continuaremos a ter um PSD com ausência de discurso e propósito, em áreas de oportunidade para o desenvolvimento económico do concelho, com fórmulas estratégicas que assegurem a solidez competitiva do município? Quais as diferenças de tendência no marco evolutivo nas diferentes freguesias do concelho em sintonia com características imperantes: fixação de população residente, actividades empregadoras, infra-estruturas básicas?
Ainda que com pessoas diferentes, continuaremos a ter um PSD onde a produtividade e a eficiência, não são variáveis na gestão dos recursos na autarquia? Ainda que com pessoas diferentes, continuaremos a ter um PSD onde a democracia autárquica não admite uma discussão política feita na pluralidade das ideias?
Há tanta pergunta… Que embora tenha por lá passado, não consigo responder a praticamente nenhuma.