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À Boleia Autor: André Duarte Feiteira

Porreiro Pá! Autor: André Feiteira.

É, nos dias de hoje, bastante comum, no seio dos camaradas do Partido Socialista, a tentativa de incutir um sentimento de vitimização e atrelar o tão já conhecido apelo ao “porreirismo popular”. Quando as entidades reguladoras ou os meros seres pensantes de bancada lhes pedem justificações, lá vêm eles com o mesmo apelo de sempre… Podemos então concluir que existe um novo paradigma na política: deixa de ser discutida tendo por base resultados e práticas económicas, medidas sociais e tudo o que seja ideológico, para dar lugar a um motor de campanha onde reina a demagogia e a finalidade é o “toque no coração”.

António Costa, secretário-geral do Partido Socialista e antigo colega de bancada na legislatura do então primeiro-ministro José Sócrates, transmite diariamente, na sua corrida a primeiro-ministro, esta nova corrente da política contemporânea. Fazendo parte de um governo que pilhou os cofres do estado deixando apenas dinheiro para o pagamento de salários durante o período de um mês (simplificado é o mesmo que dizer que o país estava em bancarrota), que trouxe até nós, mais uma vez, o FMI e a TROIKA e os consequentes sacrifícios para a população, depois de projectos megalómanos irreais que arruinaram o país, depois de tudo isto, e já quase não sobrando nada, não seria agora correcto, até moralmente ético, ter um pouco de gratidão por quem soltou novamente as velas da embarcação económica portuguesa e por quem colocou de novo o país a respirar? Ou estávamos melhor há 4 anos atrás? (estas coisas da memória tramam normalmente os camaradas)

Não vislumbro por parte do PS nenhuma medida revolucionária, não observei até agora nenhuma estratégia alternativa com fundamento e com noção do estado actual do país, e, para minha grande insatisfação, não tenho retirado grande conteúdo das palavras de António Costa… O que dá cada vez mais fundamento à minha teoria – é possível ganhar eleições e governar sem ideias, propostas e projectos, desde que haja uma grande dose de vitimização e se apele ao “porreirismo popular”! De outra forma, um projecto desprovido de conteúdo e  numa acérrima caça ao lugar (é o que se tem constatado pelas federações do PS deste país fora) não teria grandes possibilidades de vir a constituir governo.

Mas as células estão bem montadas e as ramificações já se alastraram por todo o seio Socialista, levando a todo o país esta nova forma de estar na política.

Em Oliveira do Hospital (município onde resido e onde uma das fileiras de António Costa tem o estandarte alinhado) o caso é semelhante. Não noto, nem se observa, um mandato de obras físicas, assim como, também desconheço projectos estratégicos (no mínimo auto-suficientes) que tenham sido implementados. O turismo contínua inexistente e sem qualquer visibilidade, contrariando as estatísticas de crescimento turístico no país e valendo-se da capacidade de promoção individual de cada unidade hoteleira. Postos de trabalho para mão-de-obra qualificada são inexistentes e não se observa um esforço para que tal possa ser invertido.  A EXPOH (festa/feira anual da cidade) que vai na sua 5º edição, depois de já ter sido realizada por quatro vezes, este ano somos surpreendidos pela organização que vem a público dizer que ainda não tem uma data oficial definida e que precisam de saber o que pretendem que seja a EXPOH!! Recuando até à primeira edição, recordo-me que houve um prejuízo de 60 mil euros, se os 3 anos seguintes mantiveram ou aumentaram este valor deficitário leva-me a perguntar: Caso o dinheiro saísse de algum de nós para um investimento privado do género, será  que chegaríamos à 5º edição sem sabermos o que pretendíamos e sem data oficial? Já para não falar que as festas da cidade devem-se fazer representar pelas associações concelhias, dando-lhes assim visibilidade e possibilidade de promoção, e, no caso das sem fins-lucrativos, espera-se que sejam convidadas, e não que sejam notificadas com valores a ultrapassar os 150 euros, que faz bastante diferença para quem recebe anualmente cerca de mil euros.  Como alguém dizia “no meu tempo faziam-se festas para dar dinheiro, hoje faz-se dinheiro para fazer festas!”.

São este tipo de opcções que têm que ser questionadas, ou será normal compactuar com tudo isto? Sei que “o porreirismo popular” é aliciante, mas caramba pá, a malta também se questiona!

Será que se pretende uma sociedade crítica e aberta ao debate ou um bando de oprimidos cuja língua só manifesta o que vai no pensamento após aconselhamento prévio?

O desenvolvimento nacional assim como o regional, só se consegue através da junção de várias opiniões e aproveitando o melhor de cada uma, e, em democracia, deveria até ser lei a colaboração neste processo. Já no seio do Partido Socialista, seja das fileiras nacionais ou regionais, falam a uma só voz e lidam mal com a pluralidade de opiniões, contudo, são mestres da vitimização e doutorados no “porreirismo popular”. José Sócrates, dizia-se uma vitima da oposição e reunia consenso entre os membros do clube do “porreirismo popular”, dessa forma, ganhou eleições e contribui para a minha teoria. Contudo, veja-se como deixou o país… Portanto, aos defensores da política oca, aos defensores da política inspirada no “porreirismo popular”, aos que misturam a amizade e as ligações pessoais com a deliberação pública, e às vitimas da dura oposição, brindo-vos com as palavras de Sá Carneiro: “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for.”

Autor: André FeiteiraÀ Boleia Autor: André Duarte Feiteira

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