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Presidente da Câmara equaciona mexer nos escalões de água

Numa altura em que deu como certa a intenção de o município trocar a Águas do Zêzere e Côa pela Águas do Mondego, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, também, colocou em cima da mesa a possibilidade de efetuar ajustamentos nos escalões em vigor.

“Devemos lutar contra aumentos. Acho que têm que se fazer readaptações nos escalões”, afirmou ontem José Carlos Alexandrino em reunião da Assembleia Municipal, onde também defendeu a existência de apoios sociais, por parte da autarquia, para com as famílias que “sejam bastante numerosas”.

Consciente da morosidade do processo de mudança, o autarca continua a ter pela frente o problema das elevadas faturas cobradas pela Águas do Zêzere e Côa, mas recusa-se a penalizar os munícipes como forma de minimizar o impacto nos cofres da autarquia.

Continuando a defender, “por uma questão de justiça”, a criação de um fundo de equilíbrio financeiro, Alexandrino entende que os municípios com maior escala, como é o caso de Lisboa, devem contribuir para com os municípios do interior.

“Lisboa tem o primeiro escalão a 0,25 euros e nós aqui a 0,53 euros”, referiu o autarca, explicando que para fazer face aos elevados custos, o município pondera mexer nos escalões.

“Se não conseguirmos trazer o preço para trás, deixaremos de ter capacidade de obra”

Ainda que os ajustamentos nos escalões possam ser uma das medidas a adotar, o presidente da Câmara não tem dúvidas de que a “maior luta” do município é a de “fazer descer os preços a que compra a água”.

“Não é justo que tenhamos que pagar a fatura da interioridade”, continuou, alertando para o facto de, com os preços atualmente cobrados pela AZC, o município se ver impossibilitado de realizar outros projectos.

“Se não conseguirmos trazer o preço para trás, deixaremos de ter capacidade de obra, porque as verbas disponíveis serão para pagar funcionários, água e saneamento”, esclareceu.

Explicando que a mudança para a Águas do Mondego representa uma redução de onze cêntimos no custo por metro cúbico de água abastecido, José Carlos Alexandrino justificou ainda o motivo pelo qual se demarcou, em conjunto com a autarquia de Seia, dos restantes 14 municípios que vão avançar com a nulidade dos contratos junto da AZC.

“Eu não poderia pactuar com isso, porque poderíamos pôr em perigo um conjunto de obras até o tribunal decidir”, sublinhou, contando que os 14 municípios já têm todas as obras feitas e que, por isso, algumas autarquias não cumprem com os compromissos junto da empresa.

“Oliveira do Hospital tem tudo pago, mas há câmaras que devem quatro milhões de euros à AZC”, frisou.

No momento em que aguarda os resultados das Assembleias gerais da AZC e Águas do Mondego para saída e admissão, respectivamente, o presidente da Câmara Municipal recusou-se a criticar a decisão que foi tomada pelo executivo de Mário Alves que, em 2004, assinou contrato de concessão com a AZC.

“Se não temos entrado em nada, hoje estávamos mais atrasados do que estamos”, observou o presidente, responsabilizando a saída da Covilhã pelo estado a que chegou a AZC. “Isto matou a AZC, que tem passivo demasiado elevado de 200 milhões de euros”, constatou, verificando que “este problema não se resolve com o aumento das tarifas de água”.

As perdas de água na rede e a entrada de águas pluviais nas condutas de saneamento básico são outros dos problemas com que o município se depara e que agravam o montante a liquidar junto da AZC.

Tomando por base o valor que paga por três ETAR em funcionamento, Alexandrino já receia pelo total a pagar quando estiverem as 22 em actividade.

“Naquela altura fui o único que votei contra e a vida veio dar-me razão”

Responsável pela inclusão do assunto na ordem de trabalhos da Assembleia Municipal, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca da Beira recuou ao ano de 2003, para recordar o seu voto contra a proposta de concessão.

“Naquela altura, fui o único que votei contra e a vida veio dar-me razão”, referiu João Dinis, certo de que o “objetivo do governo era de privatizar a Águas de Portugal”.

Em resultado, João Dinis verificou que “a Câmara já esta com um défice de 500 mil euros e paga a água ao preço previsto para daqui a 20 anos”. “Este foi e é um mau negócio para o município”, concluiu.

Através de uma declaração de princípio, a bancada socialista na Assembleia Municipal manifestou “solidariedade” em relação às posições assumidas pelo presidente da Câmara.

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