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Quarentena: proteja-se a si e ao seu lar. Autor: Bartolomé Beltrán

Nestas últimas semanas a casa tornou-se o refúgio dos portugueses, a sua proteção contra um inimigo invisível, mas ao mesmo tempo tão presente. Durante este período é fundamental ter cuidados redobrados com a qualidade do ar que respiramos dentro de casa, podendo este contribuir para o agravamento de problemas respiratórios. 

Em período de confinamento, sobretudo para as populações com comprometimento ao nível do aparelho respiratório, o ambiente em que nos resguardamos tem importância acrescida e contribui de forma direta para eventuais agravamentos de patologias pré-existentes como asma e alergias.

Tão importante como cuidarmos da nossa proteção e saúde é cuidarmos dos espaços onde permanecemos grande parte do tempo. Para tal é fundamental ventilar a casa e conseguir aproveitar todos os benefícios dos raios do sol. Arejar a casa melhora a qualidade do ar e dificulta as condições de proliferação de organismos como o bolor. 

Será também importante reduzir os efeitos da condensação da nossa atividade. O excesso de condensação favorece o surgimento de humidade que leva ao aparecimento de microorganismos que afetam diretamente a saúde dos que vivem na casa. Entre os problemas mais comuns associados a estas situações estão: problemas reumáticos (osteoartrite e artrite, sendo muito mais intensos à noite, quando o ambiente é mais húmido), além de problemas respiratórios e alérgicos. Os efeitos mais visíveis destas situações são: comichão no nariz, congestão / obstrução nasal grave, comichão na garganta e / ou ouvidos, crises de tosse seca, dificuldade em respirar, sibilância (assobio) no peito, entre outros. Também podem desenvolver-se situações de urticária ou dermatite atópica. Neste sentido, é muito importante evitar problemas de condensação e, assim, proteger a saúde de toda a família. Estas situações afetam particularmente grupos de risco e pessoas com patologias pré-existentes.

Durante estes dias de confinamento iremos estar mais atentos ao nosso espaço e provavelmente iremos descobrir mais sinais de humidade. Mais de um terço dos edifícios em Portugal apresentam problemas relacionados com a humidade. Estes aparecem muitas vezes de forma discreta, sendo por isso desvalorizados. Os primeiros sinais visíveis de uma situação desta natureza são: tinta a lascar, mau odor nos armários, manchas nas paredes, janelas embaciadas. Problemas que não consideramos como prioritários, mas que, a curto prazo, irão ter impacto a vários níveis.

Para manter o seu equilíbrio durante esta quarentena, será importante que se dedique à casa, mas em primeiro lugar a si. Tenha presente que é fundamental proteger-se a si e a seus familiares cumprindo os padrões de etiqueta respiratória: cubra o nariz e a boca quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel ou para o antebraço, nunca para as mãos, e deite sempre o lenço fora. Lave as mãos com frequência (com água e sabão ou solução a 70% de álcool), evite tocar no rosto com as mãos, evite partilhar itens pessoais ou alimentos em que tocou. Quando for à rua tenha cuidado para não trazer risco para dentro de casa. Deixe à entrada os sapatos, troque a roupa e sempre que possível tome banho. É importante reforçar a limpeza das maçanetas das portas.

Quando a sua vida regressar à normalidade poderá desenvolver todos os projetos que foi forçado a adiar durante este período e resolver os problemas de humidade estrutural que a sua casa possa ter, evitando danos mais graves. A humidade impacta a vários níveis, desde a qualidade de vida e a saúde dos ocupantes do edifício afetado até à eficiência energética da habitação. 

Embora não existam soluções mágicas é fundamental uma abordagem séria e assertiva a este tipo de problemas, por especialistas. Só desta forma poderá aproveitar todo o potencial da sua casa e garantir que esta cumpra a sua principal função: dar proteção, conforto e bem-estar a quem nela habita.

Neste momento, em que passamos tanto tempo em casa, é essencial cuidar da saúde do nosso lar, pois dessa forma também protegemos a saúde de todos os que nele habitam.

Autor: Bartolomé Beltrán, Médico, membro do Conselho Consultivo do Ministério da Saúde e Assuntos do Consumidor em Espanha. Consultor da Murprotec, especialista em tratamentos de humidade estrutural.

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