Enfim, dir-se-á que já não é mau a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital fornecer a Telha para “As Palheiras”, em Fiais da Beira, arruinadas que estas ficaram com os Incêndios de 2017. Mas e então os “caibros” e a “ripa” para os Telhados ?
Sim, isso de fornecer (oferecer) a Telha – deverá ser da “velha” Telha em canudo – sem dúvida que é “alguma coisa” mas não chega.
As Palheiras ficaram muito fragilizadas inclusive nas Paredes que o Fogo foi violento. Câmara e Governo que se prezem – e que de facto prezem este Património que é único no nosso País – devem reconhecer que necessita de muito mais aquele notável conjunto das 74 ou 75 Palheiras que o compõem. E muito mais necessita pelas suas próprias características, nomeadamente a ausência de argamassas ou cimentos a ligarem as pedras das suas paredes, que até não são pedras muito grandes mas que foram propositadamente colocadas de forma a permitir o (forte) arejamento interno e cruzado da “Palheira”, e também devido ao local onde estão instaladas – naquela imensa Laje granítica ao que julgamos saber o maior afloramento granítico da Península Ibérica, ali, num dos topos da Povoação de Fiais da Beira.
E reconhecer por reconhecer continuará a ser insuficiente. O estado degradado das “Palheiras” reclama intervenção cuidada, criteriosa mas também urgente.
É sabido que são propriedade privada o que, à partida, implica ter na devida conta a vontade dos seus Proprietários. É também sabido que a utilidade prática das “Palheiras” é hoje bastante menor do que foi há algumas décadas atrás quando o cultivo, as “malhas”, “descascas” e “debulhas”, a secagem e o posterior armazenamento dos Cereais ( e das palhas), exigiam aqueles espaços para o efeito – Laje e “Palheiras” praticamente dentro da Povoação. Ou seja, do conjunto prevalece o interesse antropológico e turístico e é tendo isso mesmo em vista que importa traçar as linhas dessa intervenção pública.
Os Proprietários actuais devem ser “convencidos” de que tal vale a pena. Para eles e para todos nós.
Lembrar que no início dos anos noventa do século passado, já a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e o seu então Presidente – este com fortes raízes familiares em Fiais da Beira – elaboraram e executaram uma intervenção municipal no conjunto para o preservar, e que foi mais longe que o “simples” fornecer da Telha que o actual Executivo Municipal anunciou proporcionar. E não tinham passado por lá Incêndios sequer parecidos no grau de destruição, como foram os de 2017…
E mesmo assim esta Câmara anda devagar, devagarinho… Já em Junho do ano passado falava no fornecimento da “Telha” e continua a falar… Entretanto, degradam-se ainda mais “As Palheiras”… Menos conversa e mais obra !
Obra “com conta, peso e medida”…
“Palheiras de Fiais da Beira” a “Património Nacional” (antropológico ou etnográfico)!
Em primeiro lugar, este conjunto notável deve alcançar a categoria a de “Património Nacional”. A seguir, Câmara Municipal e Governo devem comprar, a preço interessante, as Palheiras, e Proprietário a Proprietário. Aqueles que as não queiram vender, esses devem então ser obrigados a preservá-las como deve ser. Ao mesmo tempo, deve ser elaborado um “plano” integrado de recuperação das “Palheiras” e do espaço onde estão implantadas. A seguir, deve o mesmo “plano” ser executado sob apertada vigilância técnica, cultural e arquitectónica.
Claro que a inerente e massiva divulgação deste Património, deve também merecer toda a atenção pública, a nível de Povoação e Freguesia, a nível Municipal e Governamental.
Da nossa parte e enquanto membro da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira, temos feito várias intervenções sobre o assunto e certamente as continuaremos a fazer caso as entendamos como necessárias. Ou seja, as “ditaduras das maiorias” PS – que assim se portam – a nível da Freguesia e da Câmara, não podem dizer que não têm sido “estimuladas” a intervir como devem, ao longo destes anos.
Para se preservar, dignificar e promover este notável conjunto das “Palheiras” em Fiais da Beira.
Autor: João Dinis, Jano