Sim, é noite de Agosto mas sem Lua Cheia. Faz calor para variar. Assim, dormir bem é um sonho. Vamos então dissertar sobre temas que quero tratar com descontracção. Em ritmo de pausa no meio das preocupações mais minhas.
Viv´ó Futebol, apesar de tudo!
Esta época, vai ser muito disputada a Liga principal – a 1ª Divisão nacional. Há quatro candidatos ao primeiro lugar. Para além de Benfica – Porto – Sporting – temos o Braga que está a bater forte nos seus “clientes” …
O Benfica está cheio de ritmo e a marcar golos. Porém, neste último desafio com o Paços de Ferreira, mostrou grandes fragilidades a defender os contra-ataques do opositor.
Mas está com grande ritmo (intensidade competitiva), com boa capacidade de pressão imediata sobre o adversário que tem a bola e a cortar-lhe linhas de passe. Origina a rápida recuperação de bola. E é esta a diferença fundamental entre este Benfica e o de épocas anteriores. “Só” não tem um avançado como tinha antes. Mas não tendo “cão”, está a caçar bem com “gato” … Mérito do treinador e das equipas de apoio técnico, mental e físico. Vamos a seguir à fase de grupos da “Champions” a ver como se aguenta este Benfica no “barco” que, na viagem, vai apanhar “mar picado” e por todos os lados…
Estou com dúvidas, e não sou o único certamente, em relação à capacidade do Sporting em pontapear a “crise” que já atravessa. Sou daqueles que considera o Matheus Nunes como um dos melhores jogadores da actualidade. Saiu Matheus, foi vendido, e o Sporting coxeia, ainda por cima sem ter a “bengala” do Palhinha. É muito! Fazemos votos sinceros em que o Rúben Amorim não venha confirmar, também ele, aquela já “velha” máxima do treinador que é aquele gajo que mais depressas passa “de bestial a besta” pois o Presidente do Sporting pode vir a precisar de um “livra-costas” ou livra responsabilidades caso “a coisa” continue a correr mal…
O FC Porto vive demasiado nas “emoções” do seu treinador. Estou até convencido de que Conceição já cansa os seus jogadores com tamanha intensidade comportamental. E, sobretudo em alta competição, quando o cansaço se acumula – desde logo o cansaço (saturação) mental, emocional – fica aberto caminho para a derrota… Atenção, pois, FC Porto.
Mas, e entre outras situações, um dos piores males do futebol em Portugal reside na circunstância das nossas equipas – com as maiores à cabeça, aliás – não formarem jogadores para terem grandes equipas, para serem campeões a nível europeu e mundial. Formam jogadores – vários deles dos melhores futebolistas mundiais – mas para os vender, para essas nossas equipas sobreviverem no sistema em que se envolvem e em que o futebol está envolvido. Depois, vêm as equipas que disputam o topo das competições por clubes e compram esses jogadores ainda jovens, na fantástica “dança dos milhões” a que assistimos ou seja, os títulos da “Champions” e da UEFA, a bem dizer, são à priori “comprados” por esses milhões e quem os tem assim os investe… De facto, “só” uma excepcional conjugação de talentos e de circunstâncias “felizes” pode levar a que uma dessas nossas equipas seja campeã europeia nos próximos anos. Para isso acontecer (outra vez) não basta ter sorte que é necessário correr muito atrás dela e sobretudo saber correr bem…
Outras “contabilidades” indicam que a continuada hegemonia, durante os últimos 16 anos pelo menos, tão genial quanto já rotineira no plano individual – europeu e mesmo mundial – pelos futebolistas “máquinas” Leonel Messi e Cristiano Ronaldo, finalmente já tem sucessor no terreno. Não é Mbapé nem é Neymar mas sim um alto e louro Erling Haaland (22 anos), jovem nascido em Inglaterra (onde está jogar e a marcar muitos golos) mas que optou por representar a selecção da Noruega. Enfim, por aí, corre todos os riscos de não vir a ser campeão europeu ou mundial por selecções pois, como qualquer outro, não ganha jogos sozinho. Mas também é uma “máquina” de marcar golos!
Viv´ó Ciclismo e seus heróis!
Só em garoto gostei de andar de bicicleta. Em adolescente e a seguir, sempre achei a bicicleta muito cansativa que, por aqui, para cada boa descida há logo uma má subida…
Entretanto, gosto muito de ver provas de ciclismo de competição, sobretudo em estrada. Durante anos, tive o gosto de ir até à Serra da Estrela ver a Volta a Portugal. Algumas vezes a testemunhar a admiração/emoção de ver o grande e malogrado Joaquim Agostinho a subir por ali acima sem levantar o rabo do selim… Agostinho é um dos meus heróis do desporto.
Enfim, agora também temos o Rui Costa (ciclista) que foi Campeão Mundial (2013) em estrada.
Actualmente, tenho seguido as várias Voltas – o Giro, o Tour, a “nossa” Volta e sigo agora a Vuelta a Espanha. O ciclismo, dá bem para ver, é um desporto duríssimo, da maior exigência física e mental. A reclamar a maior capacidade de sofrimento, no caso em cima de uma bicicleta, a pedalar centenas e milhares de quilómetros, faça chuva ou faça sol, a descer e a subir montes e montanhas, a “sprintar” ombro a ombro… Espectacular mas brutal !
O público em geral sente e vive mesmo esse drama humano, essas emoções tremendas, e corre aos (muitos…) milhares à berma das estradas, às pistas, a ver passar os ciclistas e a incentivá-los. Eu cá gosto de os ver…na televisão…
Hoje, a maior novidade neste “desporto” é o domínio exercido na modalidade em estrada (e não só) por vários grandes ciclistas muito jovens, até aos 25 anos (a idade em que Joaquim Agostinho começou a correr como profissional…).
E temos o Tadej Pogaçar, o Jonas Vingegaard, o João Almeida, o Remco Evenepoel, já consagrados como campeões dominadores, e outros que se começam a mostrar com destaque para o Juan Ayuso (20 anos). E cito ainda o Mathieu van der Poel que tendo agora 27 anos é um campeão eclético (estrada, montanha, ciclocross) desde jovem. Nestes contextos, aprecio o regresso à sua condição humana dos “mitos” Pogaçar e Roglic que este ano foram bem batidos por outros adversários apesar de continuarem a ser ciclistas extraordinários. E presto homenagem a todos os outros ciclistas mais “anónimos” que sofrem nos pelotões os mesmos quilómetros dos grandes “craques” mas que o fazem com honra, sim, mas sem as condições e a glória dos campeões! Também eles são heróis!
Não gostei do falseamento da “verdade desportiva” verificado na Volta a Portugal deste ano. Tenho a convicção que naquela dura etapa que culminou com a subida à Senhora da Graça, o Frederico Figueiredo, caso tivesse autorização da “chefia” da sua equipa, tinha ganho essa etapa e teria sido ele o vencedor desta “83ª Volta a Portugal em Bicicleta” e não o seu colega de equipa Maurício Moreira. Aliás, não teve “piada competitiva” alguma aquela chegada à meta, precisamente na Senhora da Graça, dos três colegas de equipa (“Glassdrive-Q8-Anicolor”) quase encostados ombro a ombro, depois de Frederico Figueiredo ter praticamente “esperado” pelos outros dois colegas durante a subida. Não, não teve piada…
E assim termino esta divagação, quiçá pretensiosa. Obrigado.
Autor: João Dinis, Jano