Na passada sexta-feira, a Associação de Estudantes da escola secundária de Oliveira do Hospital realizou a feira académica, a primeira nesta escola, a primeira de muitas, espero eu.
Este foi um evento bastante enriquecedor a nível sociocultural, onde os alunos do 11º ao 12º ano tiveram a oportunidade de conhecer as ofertas de algumas instituições do ensino superior do centro do país. Além da oferta curricular, os alunos ficaram também com uma pequena noção do que é o ensino superior, desde os custos à vivência académica. Isto através de uma pequena palestra dirigida por ex-alunos da secundária de Oliveira do Hospital que partilharam a sua vida académica com estes alunos.
Eu, como parte do auditório, fiquei relativamente enlevado pela Associação de Estudantes da minha escola ter promovido este evento de índole cultural e o associativismo entre os estudantes. Mas e o meu município? Qual a oferta cultural que a autarquia oliveirense dá aos seus jovens?
Devo confessar que a questão me causou relativo embaraço. Primeiramente pensei que o desconhecimento por esta temática a nível concelhio se devesse à presumível falta de conhecimento pela minha pessoa, todavia depois de muito dialogar com uma parte substancial da juventude oliveirense, inferi exactamente o mesmo que todos estes jovens: a cultura em Oliveira do Hospital vem definhando de dia para dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano. A oferta cultural em Oliveira do Hospital é no mínimo alarmante se não quase inexistente.
É no mínimo paradoxal que a autarquia das festas e romarias, termo que os populares carinhosamente atribuem ao executivo, não consiga proporcionar a nós, jovens oliveirenses, uma oferta cultural minimamente alargada, ou seja que extrapole uma bola de futebol ou basquetebol! É inaceitável a decadência da Casa da Cultura, não sendo rentável a nível sociocultural, ou mesmo a nível económico. Não há como justificar a necessidade que um jovem residente no nosso concelho tem de se deslocar para concelhos vizinhos para poder desfrutar a um nível condigno da 7ª arte.
Não é demais dizer que em Oliveira do Hospital há jovens que não calçam chuteiras, que não querem fazer balançar redes ou cestos. Também existe por cá quem não seja aspirante a desportista. Existe Oliveira do Hospital para lá do socialismo.
Autor: Rafael Dias, presidente da Juventude Popular de Oliveira do Hospital