Home - Opinião - «São rosas, Senhor, são rosas…». «Não só, Senhora, também há laranjas!».  São frutos do sistema, dizemos nós!… Autor: Carlos Martelo

«São rosas, Senhor, são rosas…». «Não só, Senhora, também há laranjas!».  São frutos do sistema, dizemos nós!… Autor: Carlos Martelo

Não sei bem porquê, acudiu-nos à ideia a história das rosas do rei D. Dinis e de sua esposa Isabel que foi santa apesar de, pelos vistos, gostar de andar na rua furtivamente, aliás aproveitando-se das supostas ausências de seu esposo e rei…

Talvez porque as últimas escandaleiras envolvem governantes PS e daí a associação às «rosas» como símbolo partidário.

Mas agora, e para não ficarem atrás do PS, surgem «fenómenos» idênticos no PSD e daí a associação às «laranjas» do título deste meu escrito. O epicentro desta crise está a situar-se por Espinho e até haverá «espinhos» na garganta do atual presidente do PSD o que porá em causa a ética, mesmo a idoneidade do senhor.

Acontece até que o ex-Presidente (PSD) da Câmara de Espinho e ex-vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD é já um «arguido adiado» devido à imunidade parlamentar de que continua a dispor (16 Janeiro), por suspeitas de corrupção investigadas, policial e judicialmente, na chamada «Operação Vórtex».  Os alegados casos de corrupção remontam à época em que este senhor era Presidente dessa Câmara de Espinho – foi-o durante 12 anos seguidos, de 2009 até 2021 – e mesmo quando o atual líder do PSD era chefe do Grupo Parlamentar deste partido.  Por «coincidência» ambos residiam em Espinho onde a Câmara Municipal e seu Presidente PSD contrataram – cremos que por adjudicações diretas – o gabinete de advogados de que o atual líder do PSD era proprietário maioritário… Aliás, este mesmo senhor e actual líder do PSD também foi importante autarca «laranja» precisamente em Espinho pelo que não pode pretender afastar-se pessoalmente, pelo menos ética e politicamente, do «escaldão» provocado pelo caso eriçado de «espinhos» agora presente à Justiça e à opinião pública.

«Faz o que ele diz – não faças o que ele faz» …

Entretanto, a meia «justificação» do advogado e Presidente do PSD agora divulgada tenta sacudir a água do capote ao invocar (desadequadamente) a confiança política e partidária para a contratação «avulsa» e em causa feita pela maioria PSD na Câmara de Espinho. Se assim fosse como «lei geral» era caminho aberto à ilegítima e antidemocrática partidarização do funcionamento dos Órgãos Autárquicos.

E mesmo a alegada legalidade das «adjudicações diretas» (são verbas significativas) de que beneficiou o seu gabinete de advogados, não pode matar e sepultar a afronta direta à ética pessoal e à ética político-partidária, essa ética que, até agora, ele próprio exigia que os seus adversários políticos respeitassem.  Afinal, é ao jeito do «bem prega frei Tomás – faz o que ele diz, não faças o que ele faz» …

Ora, deixem-se de tentativas dessas para mascarar a culpa.  É que de confiança e de aconselhamento partidários deve tratar-se dento de cada partido e não, frisamos, partidarizando a gestão municipal ou as instituições democráticas.

E o «famoso» processo de BPN/SLN – o «polvo financeiro» pintado a laranja, «remember» (lembram-se?).

É comum falar-se do consulado «rosa» do Sócrates que pode até ter batido recordes de atentados à Lei e à honestidade no contexto da agora redescoberta «ética republicana».

Mas bem lá para cima no topo dessa pirâmide dos crimes económicos e financeiros, permanece para a história e para nossa desgraça como portugueses, a «famosa» escandaleira da falência do BPN, Banco Português de Negócios e da SLN, Sociedade Lusa de Negócios, sua acionista principal.

Segundo os últimos dados, «só» estas falcatruas já custaram cerca de sete mil milhões de euros (ou mais) ao orçamento do estado nacional.  E quem eram os administradores principais e também principais mentores da «coisa»? Quase todos eles foram e eram dirigentes e governantes de topo, oriundos do PPD/PSD embora só um deles tenha sido devidamente condenado o que constitui uma nódoa vergonhosa na justiça no nosso país.  De facto, no processo, assistimos ao nascimento e à falência física de um autêntico «polvo laranja» do qual continuamos a pagar as más consequências. P.… de sorte a nossa!…

Quer dizer, uns e outros são frutos do sistema! Nem mais nem menos… Mas também não tem que ser assim!  Aliás, é muito conveniente que deixe de ser assim, e rapidamente…

Carlos Martelo

 

 

 

Autor: Carlos Martelo

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