Home - Últimas - “Se tivessem cumprido aquilo que prometeram em 2017 no apoio à recuperação agrícola, florestal … tudo estaria diferente”. 

“Se tivessem cumprido aquilo que prometeram em 2017 no apoio à recuperação agrícola, florestal … tudo estaria diferente”. 

  • Em Outubro de 2017, a área dos incêndios afectou mais de 50 municípios da região centro.
  •  Em menos de 24h mais de 200000 hectares desapareceram. Não existiram alertas e muito menos tivemos meios de ajuda. Ficámos numa “fritadeira” à espera que chovesse e sem qualquer apoio.

O presidente do Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM? lembra, numa altura em que o país está em situação de alerta, devido aos incêndios, que aquele movimento tem vindo a alertar os governantes e representantes do Estado português espalhados pelo país sobre os problemas da agricultura e floresta da região. Fernando Tavares Pereira sublinha que hoje tudo poderia ser diferente se tudo o que se “prometeu no apoio à recuperação agrícola e florestal” tivesse sido cumprido. “Se, na realidade, chegasse esse apoio aos lesados, com acompanhamento e apoio do poder central, reorganizando as nossas florestas, agricultura e empresas, em nosso entender tudo estaria diferente”, conta, considerando que, infelizmente, o interior continua a ser abandonado.

“Lamentavelmente continuamos a ouvir falar apenas e simplesmente nas consequências que tiveram lugar em Pedrógão Grande, em Junho de 2017, esquecendo-se os efeitos nefastos dos incêndios na região das Beiras em Outubro de 2017, onde as calamidades florestais, agrícolas e empresariais foram muito superiores às perdas registadas em Pedrógão Grande. Isto juntando às vidas perdidas nos dois incêndios, as quais lamentamos, o que levou a que todos os portugueses ficassem todos chocados”, escreve Fernando Tavares Pereira, acusando ainda as entidades competentes de quase cinco anos depois da catástrofe não terem recuperado algumas casas de 1ª habitação e algumas centenas de segundas residências.  “Mas há casas que não existiam e que foram construídas”, acusa.

Fernando Tavares Pereira recorda que a MAAVIM também tem vindo a reclamar a existência de milhares de agricultores que não receberam qualquer tipo de apoio. E questiona o que foi feito com os cerca de 270 milhões de euros que a Comunidade Europeia enviou para Portugal? “Desse montante, 150 milhões eram para apoiar quem tudo perdeu na reorganização agrícola e florestal e para apoios às empresas”, conta. “Se tivessem cumprido aquilo que prometeram no apoio à recuperação agrícola, florestal e empresarial, tudo estaria diferente”.

“Já fomos muito prejudicados e massacrados. Lamento muito a onda de incêndios noutras regiões. Na verdade, em tempo de eleições, tudo se promete e quase nada se faz. As promessas esfumam-se com o tempo. É como os incêndios que, infelizmente, em cada ano que passa, tiram a vida a algumas pessoas e levam os nossos pertences”, continua.

Sublinhando que não há boa floresta e agricultura sem uma eficaz reorganização, Fernando Tavares Pereira lembra que continuamos sem estradões, sem pontos de água, nem estaleiros para a recuperação das madeiras queimadas. “Continua quase tudo a falhar, privando os proprietários de investirem na recuperação florestal e agrícola. Não havendo apoios, tirando algumas poucas excepções, pouco ou nada se faz. Não podemos esquecer que já lá vão quase cinco anos e muitas das promessas não foram cumpridas nos apoios aos agricultores e empresas. Como se diz na gíria, depois de casa roubara trancas à porta. Mas, neste caso, só quando existem as calamidades é que se pensa e se fala nos perigos das nossas florestas. O que lamentamos”.

O líder da MAAVIM defende que a solução para esta tragédia passa pelo poder central reunir com os municípios e os representantes das entidades públicas espalhadas pelo país. Acrescenta ainda que só haveria a ganhar se as entidades representativas dos proprietários florestais, agrícolas e empresariais também pudessem estar presentes. “Em conjunto, poderiam ser delineadas ideias benéficas para resolução da maior parte dos problemas dos incêndios. E que se cumprissem, como dissemos, as promessas para que se pudesse recuperar quase tudo aquilo que se perdeu até aos dias de hoje. Só assim, em conjunto, poderemos salvar o que ainda hoje existe”, nota.

Salientando que há processos a decorrer em tribunal, o presidente da MAAVIM espera que se faça justiça, que sejam apuradas responsabilidades sobre os acontecimentos dramáticos de Outubro de 2017 nesta região. “Se as promessas fossem cumpridas, ter-se-iam evitado muitos custos e prejuízos para milhares de proprietários com os processos que correm nos tribunais à espera que se faça justiça. E a recuperação económica da região seria hoje outra. Esperamos que se faça justiça afim de todos aqueles que foram esquecidos por falta de apoios e solidariedade possam ser ressarcidos dos seus pertences e dos prejuízos que tiveram” acentua, concluindo que “o Governo falhou e não quer apurar as responsabilidades”. “Elas estão identificadas e não podemos compactuar com este silêncio onde quem não tinha passou a ter, e quem tinha deixou de ter. Ainda acreditamos na justiça portuguesa”, concluiu.

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