Cumpriu-se, ontem, a oitava edição da Festa da Castanha organizada pela Junta de Freguesia de Aldeia das Dez, com o apoio da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital. O certame ficou marcado pela habitual afluência de visitantes ao Santuário de Nossa Senhora da Preces, localizado em Vale de Maceira.
Com as condições climatéricas a ajudarem, a iniciativa – onde é recriado o ambiente medieval pela mão do grupo Viv’Arte – foi participada por seis dezenas de expositores da freguesia, do concelho e de vários pontos do país que, ali fizeram mostra de artesanato, produtos regionais e iguarias gastronómicas. E para fazer jus ao nome, também a castanha foi uma constante em todo o certame, totalizando cerca de uma tonelada naquele espaço religioso.
Confiante de que o certame foi visitado por cerca de sete mil pessoas, o presidente da Junta de Freguesia de Aldeia das Dez faz um balanço “positivo” da festa, sem no entanto, deixar de verificar que a edição deste ano registou um menor número de visitantes, comparativamente a anos anteriores.

Apesar de, ontem, o tempo ter ajudado à festa, António Dinis entende que o mau tempo que se registou até sábado, possa ter levado algumas pessoas a ficarem por casa. Por outro lado, à redução do número de visitantes, o autarca associa também o mau estado da estrada que liga Aldeia das Dez ao Santuário.
Sem compreender o motivo que levou à interrupção dos trabalhos naquela via – “as obras começaram no início de Agosto e pararam a 14 de Agosto”, frisou – António Dinis verifica que as pessoas que visitaram a festa no ano passado “ainda têm presentes as más condições da estrada”.
“Esta situação influencia negativamente o certame”, adianta o autarca cessante, referindo também que a feira que, ontem, se realizou na cidade e a tarde desportiva possam ter contribuído para a redução dos visitantes.
“Quem vier a seguir terá quase a obrigação de manter esta festa”
Quando cessa funções na presidência da Junta de Freguesia de Aldeia das Dez, António Dinis não deixa de olhar para os oito anos em que o certame se realizou. E numa análise, verifica que “a Festa da Castanha é um evento cultural de referência, que já está referenciado no circuito nacional de feiras medievais”.
“Já está tão enraizada que, quem vier a seguir terá quase a obrigação de manter esta festa”, sublinha António Dinis, tendo presente que o motivo do certame é a divulgação do Santuário e, a castanha é apenas “o móbil”.

Envolvido na realização da festa desde a primeira edição – primeiro como elemento da Filarmónica e depois na presidência da Junta – António Dinis lembra que por detrás de toda a componente lúdica está a preocupação em torno da degradação que afecta o Santuário de Nossa Senhora das Preces.
“É preciso arranjar verbas para a manutenção e recuperação das capelas”, sublinha o autarca, explicando que Irmandade responsável pela manutenção do espaço não tem verbas para o recuperar.
Pese embora a boa intenção da Festa da Castanha, a verdade é que a receita auferida é manifestamente insuficiente para resolver a falta de verba da Irmandade, que à parte esta festa, apenas conta com os contributos que os fieis vão depositando nas caixas das esmolas.
“No ano passado entregámos mil Euros à Irmandade e, este ano, o montante deve ser o mesmo”, contou António Dinis, entendendo que as receitas entregues são apenas “migalhas”.
Numa altura em que, apenas, estão recuperadas duas capelas – o Santuário é composto por uma capela principal e um conjunto de 11 capelas com os motivos da paixão – o presidente da Junta de Freguesia considera fundamental o contributo do poder local. Referiu até que o executivo camarário que agora cessa funções, ainda não cumpriu com a promessa de 15 mil Euros, como contributo para o restauro das capelas. “Até à data o dinheiro não surgiu e já passaram dois anos…as pessoas interrogam-se porquê”, refere Dinis.

A preocupação do presidente da Junta de Freguesia de Aldeia das Dez é partilhada pelo presidente da Irmandade que espera por uma melhor atenção por parte do futuro executivo municipal.
Presidente da Irmandade desde Maio deste ano, Abel Gouveia recusa pronunciar-se sobre a promessa de 15 mil Euros, já que na altura em que terá sido feita, ainda não ocupava aquele cargo.
Nos próximos dois anos e meio, Abel Gouveia está disposto em lutar pela melhoria do Santuário, porque “não é com pouco mais de 200 Euros de esmolas que se consegue fazer alguma coisa pelo espaço”.
Entende a Festa da Castanha como uma boa iniciativa para promover o Santuário, considerando porém que a mostra gastronómica e etnográfica deveria também ocupar a tarde de sábado.
Sobre o evento de ontem, Abel Gouveia faz um balanço “muito bom”, até porque contou com a generosidade imediata do benemérito António Lopes, que o surpreendeu com uma verba de 500 Euros. “A Irmandade está-lhe muito agradecida”, concluiu.