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TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL, Maio de 2020 com novo máximo de aquecimento global. Autor: Carlos Antunes

O último mês de maio foi o mês de maio mais quente desde que há registo, de acordo com os dados publicados pela agência europeia COPERNICUS. Com uma anomalia média global de 1.26 ºC acima da média de 1880-1910, 0.05 ºC acima da temperatura média de maio de 2016 (o ano mais quente alguma vez registado).

De acordo com aquela agência, Maio foi globalmente 0.63 °C mais quente que a média de maio de 1981-2010. O último período de doze meses ficou perto de 0.7 °C acima da média, correspondendo ao período mais quente de doze meses dentro da série de registos. Embora na Europa, Maio foi mais frio que a média, mas a temperatura da estação da primavera esteve 0.7 °C acima da média.

Globalmente, este é o segundo mês do ano, juntamente com o mês de Janeiro, que regista o máximo absoluto, com mais dois outros meses em 2º lugar (Fevereiro e Abril). O que torna o ano de 2020 um forte candidato a novo recorde de ano mais quente desde que há registos, batendo o 2016, um ano atípico com um El Niño intenso. De acordo com a NOAA (agência americana do mar e da atmosfera) 2020 apresenta uma probabilidade superior a 70% de se tornar o ano mais quente.

Paralelamente, a estação Mauna Loa de monitorização de CO2 na atmosfera registou o máximo histórico de 417.0 ppm de concentração de CO2 no mês de Maio. Tendo mesmo, em 3 dias desse mês ultrapassado as 418 ppm. Devido à sazonalidade da variação de CO2 na atmosfera, Maio é o mês com valor anual máximo e Setembro o mês com valor mínimo. Normalmente, o ponto de inversão do CO2 na atmosfera dá-se a partir da semana 21 (mais ou menos a 3ª semana de Maio), contudo já vamos na semana 23 e o início da diminuição sazonal de CO2 na atmosfera ainda não ocorreu. E isto é uma demonstração de que a redução de emissões de CO2 devido à crise Covid-19 muito pouco ou nada afectará a tendência crescente da concentração de CO2, actualmente, com uma taxa de 2.6 ppm/ano. Sim, a cada ano a concentração de CO2 na atmosfera aumenta em média 2.6 ppm.

As actuais estimativas de redução das emissões anuais de origem fóssil, devido à crise Covid, situam-se nos 7%, ou seja, em vez de emitirmos os aproximadamente 36 Gton de CO2 iremos emitir globalmente 33.5 Gton de CO2. Essa redução não contribuirá mais que -0.32 ppm de CO2 na atmosfera. Contribuição essa que se distribuirá por 2 a 3 anos, pelo que não se sentirá grande alteração no comportamento da concentração de CO2 na atmosfera.

Para se ter uma ideia do esforço necessário que temos de fazer a cada década para que globalmente consigamos a meta de 1.5 ºC do IPCC, necessitaríamos de ter todos os anos, e de forma acumulativa, uma crise idêntica à do Covid-19. Ou seja, teríamos de reduzir 7% das emissões em 2020, relativamente a 2019, em 2021 teríamos de reduzir 7% das emissões em relação a 2020, e assim, sucessivamente, até que em 2030 conseguíssemos uma redução acumulada de 50% das emissões em relação a 2019. E depois, na década de 30 até 2040, voltar novamente a reduzir 7% ao ano. Esse é o esforço necessário.

Ora como já estamos a preparar a economia para disparar o consumo e esta poder recuperar o nível pré-Covid, é de esperar que a procura de energia primária, 85% da qual é de origem fóssil, venha aumentar significativamente. Com este cenário à vista, é expectável que em 2021 e seguintes, venhamos a emitir mais CO2 que em 2019. Contráriamente ao que é exigido, contrário ao que é absolutamente necessário para evitarmos um Planeta sobre aquecido, no qual a humanidade terá poucas hipóteses de sobrevivência, pelo menos, com o nível de desenvolvimento actual.

https://climate.copernicus.eu/surface-air-temperature-may-2…

https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/mlo.html

 

Autor: Carlos Antunes

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