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Tomada de posse dos órgãos autárquicos marcada pela tragédia dos incêndios e presidente reeleito aposta em “fazer renascer Oliveira do Hospital”

Não foi uma tomada de posse normal dos novos responsáveis pelo munícipio. Os discursos inflamados foram substituidos, ontem, na Casa da Cultura, por um relato sentido da tragédia que no passado dia 15 de Outubro se abateu sobre Oliveira do Hospital. O reeleito presidente José Carlos Alexandrino avisou logo de início que não iria fazer um discurso “muito de intensão política”. O autarca optou por relembrar que aquele concelho passou por uma das maiores tragédias de que há memória e que agora é tempo de “fazer renascer Oliveira do Hospital”. Ajudando as vítimas a reconstruir as suas vidas. E aproveitou para pedir ao Governo sinais positivos para os empresários locais, entre eles a construção do IC6.

“É bom que este Governo olhe para o interior de outra forma depois desta tragédia. É preciso instrumentos para ajudar a levantar as empresas e é necessário dar um sinal positivo aos empresários de Oliveira do Hospital”, frisou, adiantando, a título de exemplo, a necessidade de existir investimento. “Como a construção do IC6 que é uma reivindicação que mantemos em cima da mesa, que não vamos deixar cair, e que terá de ser cumprida”, disse num discurso sempre num tom pesado. O edil explicou ainda que a autarquia, naquilo que lhe é possível, já está a desenvolver todos os esforços para ajudar as empresas que foram afectadas pelos incêndios.

José Carlos Alexandrino, de resto, não tem dúvidas que a principal prioridade da agenda política autarquica é dar resposta  a este caos. “É fundamental para a população”. Por isso, assegurou que no dia seguir aos incêndios as equipas municipais já estavam no terreno. “Colocámos em tempo recorde o reabastecimento de água no concelho. As redes viárias dois dias depois estavam transitáveis. Foi conseguido abrigo para mais de uma centena de pessoas que ficaram sem tecto. “Estamos no terreno a reconstruir as habitações e já asssegurámos que a recuperação das 128 primeiras habitações serão pagas integralmente pelo Estado”, garantiu, frisando que a resposta rápida da Câmara e das Juntas de Freguesia “deram um exemplo ao país”. “Mal amanheceu no dia seguinte, arregaçámos as mangas e começamos a fazer renascer Oliveira do Hospital. Não estivemos à espera do Governo da República para resolver os problemas mais prementes”.

O autarca, de resto, acusou as políticas de desinvestimento no interior por parte dos diversos governos como parte responsável pela tragédia e sublinhou que o dispositivo de proteção cívil nacional falhou.  “E já teve as devidas consequências políticas. Os oliveirenses, cercados pelo fogo, ficaram entregues a si próprios. Nem que tivessemos dois ou três mil bombeiros conseguiriamos evitar a tragédia”, explicou, censurando “o comportamento de alguns políticos” que procuram tirar partido desta calamidade. “Ainda estamos a chorar os mortos e já houve quem estivesse a tentar tirar dividendos de uma tragédia que deixou Portugal em estado de choque”, atirou apontando o dedo a quem tem conduzido os destinos do país.

“Os portugueses com espírito independente sabem que a catástrofe que atingiu o nosso concelho é resultado de um conjunto de políticas que foram sendo tomadas pelos sucessivos governos de Portugal. A desertificação do interior com o abandono das propriedades e  da floresta, a falta de ocupação humana, transformaram estes territórios num barril de pólvora”, continuou José Carlos Alexandrino, para quem esta é a consequência do desinvestimento no interior de onde têm sido retirados diversos serviços. “Esta é uma responsabilidade dos governos centrais e não dos presidentes de Câmara”.

Lembrando que nenhum dos três incêndios teve origem dentro do concelho de Oliveira do Hospital (“um começou em Seia, outro em Arganil e um terceiro em Nelas), José Carlos Alexandrino fez de seguida um breve retrato da dimensão do cataclismo. “Roubou 12 vidas, deixou um rasto de destruiçãonas 84 localidades do concelho, consumiu cerca de 97 por cento da nossa mancha florestal, colocou em risco 480 postos de trabalho, matou cerca de cinco mil ovinos e caprinos e destruiu 242 habitações, 128 das quais primeira habitação”, elencou. “De um dia para o outro, estes incêndios deixaram Oliveira do Hospital transformado num mar de cinzas”, rematou.

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