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Imagem vazia padrãoO facto tornou-se público e notório e Senhor das Almas transformou-se de repente num “sítio da noite” em que existem suspeitas da prática de prostituição.

Uma casa de meninas com certeza…

A questão não teria no entanto tanto relevo se a casa onde agora funciona o alegado negócio não tivesse sido alugada por um vereador do PS, que já prometeu ir averiguar o assunto.

O vereador do PS da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, Albano Ribeiro de Almeida, anda nas bocas do mundo por ter alugado um imóvel em Senhor das Almas, freguesia de Nogueira do Cravo, onde existem suspeitas de estar agora a funcionar um negócio ligado à prostituição. De arquitectura tipicamente brasileira, o edifício cor-de-rosa – onde em tempos funcionou um restaurante – está mesmo à beira da EN 17 e, nos últimos tempos, foi alvo de várias transformações efectuadas pelos três inquilinos – dois homens e uma mulher – com quem o vereador socialista fez um contrato de arrendamento por 10 anos.

Instado pelo Correio da Beira Serra a esclarecer um processo que poderá colocar o vereador do PS “mal na fotografia”, Ribeiro de Almeida defendeu-se com o facto de ter alugado a emblemática casa “para uma residencial e um bar” e argumentou que para esse efeito existe inclusivamente “uma licença da Câmara Municipal”.

Reconhecendo que já lhe chegaram “alguns rumores” no sentido de que a casa está a ser também aproveitada “para outros fins”, o vereador do PS descarta qualquer responsabilidade pessoal: “Eu aluguei aquilo para uma residencial e para um bar e ainda um restaurante com churrasqueira. Portanto, se eu aluguei aquilo para esse fim e o edifício está a ter outra utilização, vou ter que averiguar porque o meu estatuto não me pode permitir isso”, disse ao CBS o segundo vereador que o PS elegeu nas autárquicas de 2005.

“A GNR pode intervir”
Frisando que já falou sobre o delicado assunto com os inquilinos, Ribeiro de Almeida salientou também a este jornal que as pessoas em causa desmentiram os “rumores”. “Até prova em contrário, tenho que fazer fé no que os homens me dizem”, afirmou aquele vereador, sem deixar no entanto de sublinhar que se ali existe alguma actividade ilegal “quem pode actuar são as autoridades policiais”.

Admitindo que “se não se provar nada” não é fácil “poder mover uma acção de despejo”, Ribeiro de Almeida mostrou-se contudo preocupado com a situação e, sublinhando sistematicamente que “a GNR pode intervir nisso”, prometeu ir fazer algumas diligências com vista a averiguar o que é que se está a passar em concreto.

Como funciona o negócio
Com um parque privativo vedado e uma campainha tipo “red-light”, os clientes vão acedendo ao espaço “sorrateiramente” e, à porta, têm um primeiro contacto. “Desculpem lá, mas são as leis”, explica o porteiro que com um detector de metais faz a revista aos clientes. No hall de entrada, um corpulento cidadão com feições de Leste, está com cara de poucos amigos e sempre “com um olho no burro e outro no cigano”. Seguem-se uns degraus e o primeiro impacto é uma televisão sintonizada em pornografia tipo “hard-core”. “Que querem tomar?, pergunta simpaticamente dentro de um balcão bem recheado de bebidas uma senhora aos clientes, que ora dão uma espreitadela na televisão ora desviam o olhar para uma rapariga toda aperaltada que se encontra sentada num sofá nos fundos do bar. A Carmen – nome fictício – distribui apelativos sorrisos e, de quando em vez, há um cliente que se aproxima talvez com o intuito de saber as condições.

Instado a satisfazer a curiosidade jornalística, um cliente diz-nos: “parece que naquela cada «queca» são 25 euros”. “Até é barato”, responde um outro cliente. “Mas há aí uma que são 100 eurinhos”, explica o nosso interlocutor.
– “Então e onde é que se faz o servicinho, inquirimos”.
– “Isso há para aí muitos quartos”, assegura o cliente.
Cá fora, na velhinha estrada da Beira, os incautos automobilistas apenas dão de caras com um edifício todo engalanado já com “luzinhas de Natal” e com um grande reclamo luminosos a anunciar um tipo de estrutura que até faz falta ao concelho de Oliveira do Hospital: Residencial-Bar.

Espalhadas por todo o país – nos últimos anos tem havido no entanto cada vez mais casos de encerramento deste tipo de casas –, nem sempre é fácil às autoridades policiais provar a existência de ilegalidades nestas situações. Conforme referiu ao Correio da Beira Serra uma fonte policial, os negócios da prostituição estão por vezes tão bem dissimulados que a polícia pode andar atenta mas nem sempre consegue provar a prática de crimes de lenocínio.

O lenocínio é um crime previsto e punido por lei com pena de prisão, para quem “profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição ou a prática de actos sexuais de relevo”.

Henrique Barreto

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