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Vereador independente critica admissão de Paulo Rocha e constata que decisão “põe a nu as fragilidades do executivo”

 

… como uma tentativa de o execuivo de Alexandrino “recuperar a tempo de vencer em outubro de 2013”.

Na reunião onde, pela primeira vez, o executivo em permanência da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital se fez representar a quatro, o assunto dominante não poderia ser outro que não fosse a recente integração de Paulo Rocha na equipa socialista que venceu as eleições de 2009.

O assunto que desde o final de dezembro já foi alvo de vários considerandos mereceu hoje o reparo do vereador do movimento independente “Oliveira do Hospital Sempre” que sem questionar a legitimidade do presidente no que respeita ao polémico episódio, não deixou de colocar em causa “os valores e a ética” que nortearam ambas as partes envolvidas.

“O povo já interiorizou que, para alguns na política, vale tudo e neste caso o povo tem razão”, afirmou José Carlos Mendes que atento a tudo o que têm sido argumentos vertidos na comunicação social, constata que “é por estas e por outras que a credibilidade dos políticos e da política está de rastos”.

Críticas que o vereador independente não esgota no domínio da ética e dos valores e alarga à situação atual do país, para verificar que o presidente da Câmara Municipal ao decidir alargar o número de vereadores em permanência, entra em “contra ciclo” relativamente àquilo que é preconizado pelo livro verde para a reforma da administração autárquica. “Passa, assim, a ter o executivo com o maior número de vereadores a tempo inteiro de sempre”, frisa.

Primando por fazer uso de uma linguagem tão familiar a Alexandrino, José Carlos Mendes interpreta ainda a recente decisão política como uma “contratação” para “ver se consegue recuperar a tempo de tentar vencer em outubro de 2013”. É que, na opinião do eleito pelo movimento “Oliveira do Hospital Sempre”, está em causa uma decisão que “traz à evidência que este executivo camarário não está a conseguir implementar um verdadeiro projeto de desenvolvimento no concelho”. “Esta decisão põe a nú as fragilidades deste executivo”, sustenta, questionando a vocação de Alexandrino para a área da “gestão das finanças” e o motivo pelo qual não recorreu aos recursos humanos ao serviço da autarquia.

“É uma declaração de faz de conta e até me dá enjoo”

Não tardou, contudo, muito tempo para que surgissem as críticas à apreciação tecida por Mendes a propósito da integração de Rocha – Ex PSD e atual vereador independente – numa equipa que não era a sua.

“Fait divers político”, “declaração de faz de conta” e “hipocrisia política” foram algumas das expressões usadas pelo antigo presidente da Câmara Municipal e assumido opositor de Mendes, para classificar a sua intervenção.

Primeiro a sair à defesa de Paulo Rocha e da própria equipa socialista que o convidou , Mário Alves foi duro nas palavras ao recordar o processo negocial que não chegou a dar frutos entre o executivo e o vereador independente no sentido de se conseguir “a estabilidade política e maior capacidade de decisão” – “não foi conseguido porque o senhor fez tantas exigência que até cria ser quase presidente da Câmara”, frisou – bem como o processo que o levou a deixar o PSD para se apresentar a eleições como independente.

“Quando se fala em ética e política têm que se ver todos os considerandos, porque o senhor vereador saiu do partido e serviu-se de toda logística do PSD para depois surgir como candidato independente”, afirmou Mário Alves que visivelmente ao lado do executivo em permanência até se confessou “enjoado” com a declaração de Mendes.

Para o antigo presidente da Câmara – foi o principal adversário da atual equipa municipal nas eleições de 2009 – o povo “é inteligente e ninguém lhe faz a cabeça”, chegando até a notar que o povo “decidiu bem” quando elegeu Alexandrino para presidente da Câmara Municipal. “A mim compete-me ser vereador e trazer propostas com interesse para o concelho”, notou.

“Sempre na minha vida justifiquei um cêntimo que ganho com trabalho”

Alvo de pesadas críticas desde que deu como certa a sua entrada no executivo em permanência da Câmara Municipal, Paulo Rocha também não deixou Mendes sem resposta, questionando-o até sobre qual seria a forma como integraria aquele executivo caso as negociações ocorridas no início do mandato tivessem sido frutuosas. “Aí o seu custo não seria excessivo para a autarquia?” questionou, garantindo que o custo que o município vai ter com a sua pessoa será sempre compensado em produtividade.

“Sempre na minha vida justifiquei um cêntimo que ganho com trabalho”, afirmou, assegurando que na hora em que o seu trabalho não se ajustar aquilo que ganha será o primeiro a “ir embora”.

Numa reunião onde apenas a voz de Mendes se opôs à entrada de Rocha no executivo, a postura também mereceu a crítica do vice-presidente da Câmara Municipal que a enquadrou no mero “jogo politico” de “afrontar” e “destabilizar”, na sequência de notícias “plantadas” em órgãos de comunicação social.

Numa avaliação à crítica de Mendes a propósito do recente facto político, Rolo não hesitou em recuar aos primeiros tempos do atual mandato autárquico para recordar as exigências que Mendes colocou ao presidente da Câmara – “teve uma paciência de chinês ao tentar trazê-lo para elemento ativo deste executivo”, contou – para uma possível coligação. “O senhor demarcou-se politicamente do convite humilde do presidente da CMOH porque calculistamente pondera voltar ao PSD”.

“Convidei Paulo Rocha não por ser mais um, mas para ser um reforço da minha equipa”

À semelhança do que já aconteceu em outras ocasiões, o próprio presidente da Câmara regressou à expressão “declaração infeliz” para classificar a portara de Mendes na abertura na primeira reunião do executivo de 2012. Admitindo que Mendes possa estar ser “pressionado para isto”, José Carlos Alexandrino não hesitou em recorrer a recentes declarações proferidas pelo independente ao jornal Folha do Centro “onde mostra a sua ética ao dizer que deixou esvaziar o seu movimento”.

“Toda a gente percebe que o senhor tem a ambição de ser candidato à Câmara Municipal, mas tem que trabalhar para isso”, continuou o presidente da autarquia que, em jeito de resposta a todos os que têm criticado a sua última decisão política – “demonstram hipocrisia e andam nervosos”, disse – rejeitou a teoria de ter uma equipa fraca, preferindo antes encará-la como um reforço.

Pegando na equipa de futebol de Barcelona, que se mune dos melhores jogadores para alcançar uma equipa “ainda mais competente”, Alexandrino diz ter feito exatamente o mesmo.

“Convidei Paulo Rocha não por ser mais um, mas para ser um reforço da minha equipa”, afirmou, contando que nos próximos dois anos Paulo Rocha se vai dedicar à realização de estudos financeiros. A alteração de regulamentos é outra das tarefas do novo elemento do executivo e que, tomando por base um orçamento apresentado por uma empresa especializada no setor poderia custar cerca de 70 mil Euros aos cofre do município. “Ele não ganhará em dois anos metade deste orçamento”, informou Alexandrino, ao mesmo tempo que reiterou a sua confiança em Paulo Rocha, pessoa que classifica de “competente” para o ajudar na área financeira e para qual garante não ter total disponibilidade.

Ainda que confortável com a estabilidade agora alcançada, José Carlos Alexandrino garantiu continuar empenhado na busca de consensos em sede de executivo. “Estas são as minhas características de liderança”, referiu, contando que à reunião extraordinária marcada para a próxima semana levará assuntos como a requalificação do mercado municipal, central de camionagem e Avenida Carlos Campos, com o objetivo de se avançar com a abertura do concurso público.

“Toda a gente sabe e conhece o que foi a relação dos elementos do atual executivo com o anterior executivo”

Com a discussão de novo nas mãos dos verdadeiros adversários políticos – José Carlos Mendes e Mário Alves – o primeiro esclareceu não ter questionado o valor que vai ser pago a Rocha, mas antes os valores e ética que estão em causa “porque toda a gente sabe e conhece o que foi a relação dos elementos do atual executivo com o anterior executivo”.

O vereador que disse ainda não ter que justificar os motivos pelos quais não acedeu à proposta de coligação, desafiou Mário Alves para, ali ou noutro lugar, participar com ele num debate acerca de ética e valores e esclarecer as suspeições levantadas no que respeita ao uso que fez do partido.

Um convite que logo foi declinado pelo antigo presidente da Câmara, para quem é preciso que “o senhor vereador cresça politicamente” para com ele debater a “ética, o caráter e a moral”. “Tem que crescer e também a gente no PSD de Oliveira do Hospital que foi a mesma gente que se serviu do partido”, concluiu, lamentando que, hoje, o que interessa “é o poder a qualquer preço”.

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